Não é só em Setembro que precisamos falar sobre saúde mental, a saúde mental da população é uma questão alarmante no Brasil. O país é um dos campeões mundiais de casos de depressão, variando a incidência entre 3% a 11% da população e sendo mais frequente em mulheres.
Grande parte dos profissionais brasileiros sofre de ansiedade, depressão, burn out e outros problemas psicológicos direta ou indiretamente ligados ao estresse no trabalho. O que compromete a qualidade do serviço prestado e o próprio relacionamento entre as equipes de trabalho.
O que é a saúde mental?
Fala-se muito sobre sanidade mental, uma vez que os distúrbios atingem milhares de pessoas e podem trazer muitas consequências negativas para elas e para a sociedade. Em conceito, saúde mental é a qualidade de vida em relação à cognição e ao equilíbrio emocional.
Ou seja, saúde mental é estar bem com os outros e consigo mesmo. Aceitar, saber lidar e administrar as situações, emoções e adversidades que a vida apresenta sem comprometer a si mesmo e aos outros. Mas ao mesmo tempo não é assim tão simples manter tudo em “ordem”.
Principais causas de problemas de saúde mental em trabalhadores:
A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, enumera algumas condições de trabalho que podem conduzir a riscos psicossociais e afetar a estabilidade mental. São elas:
- volumes de trabalho excessivos;
- exigências contraditórias;
- falta de clareza quanto ao papel do trabalhador;
- comunicação deficiente;
- uma mudança organizacional mal gerida.
- Carga horária excessiva
Numa recente sondagem europeia sobre a saúde mental, conduzida pela Ocupacional Safety and Health Association (OSHA) Europeia, as causas mais comuns de estresse relacionadas ao trabalho foram:
- a reorganização do trabalho ou a insegurança laboral (72% dos inquiridos);
- os extensos horários de trabalho ou o volume de trabalho excessivo (66%);
- a intimidação (o famoso bullying) ou o assédio no trabalho (59%).
A mesma sondagem mostrou que cerca de quatro em cada 10 trabalhadores pensa que o estresse não é devidamente abordado no seu local de trabalho. Os principais alvos devem ser a organização do trabalho e o ambiente, evitando programas de “tamanho único”.
Riscos do descuido com a saúde mental dos colaboradores:
Considerados os males do século, a ansiedade e o estresse são os grandes causadores do surgimento de doenças psicológicas, e isso acontece no meio empresarial pela falta de programas de prevenção.
Um bom programa serve para orientar os colaboradores e ajudá-los a enfrentar a grande pressão do trabalho, desassociando das relações pessoais — uma equipe insatisfeita, que conserve uma carga negativa por muito tempo, tende a apresentar um comportamento dispersivo e desengajado.
Um funcionário feliz e saudável mentalmente é mais propenso a prosperar na vida pessoal e no trabalho, desempenhando suas funções com qualidade e ótima relação com a equipe.
Assim, para a empresa que procura atingir seus objetivos, é importante se preocupar com a saúde mental dos trabalhadores e proporcionar um ambiente interativo e livre de julgamentos para que cada um se posicione da melhor maneira possível.
Um clima organizacional agradável e saudável favorece o melhor desempenho e aprimora as relações entre funcionários, além de ser excelente para atingir as metas da empresa e até reduzir o índice de acidentes no trabalho.
O cuidado com a saúde mental dos colaboradores reflete diretamente nos resultados, investir na prevenção de doenças que afetam a mente é garantir a motivação e a qualidade de vida, o que é bom para os funcionários e para a empresa.
Uma pesquisa realizada pela Mercer Marsh em 2019 apontou que cerca de 50% das empresas alegam falta de budget para tratar o problema. Por outro lado, OMS e KPMG já publicaram estudos comprovando um retorno sobre o investimento superior a 4 vezes para ações preventivas de saúde mental. Se estamos falando de investimento, e não de custo, talvez esteja na hora de CEOs e CFOs colocarem a temática em pauta nas suas reuniões estratégicas.
É de suma importância que líderes empresariais compreendam que a intervenção em saúde psicológica requer o desenvolvimento de programas abrangentes. Estamos falando de prevenção, diagnóstico precoce, estruturação de programas eficientes de qualidade de vida e bem-estar, bem como uma cobertura mais competitiva de benefícios corporativos. É preciso olhar para a saúde de forma integral, englobando desde a disponibilização de psicólogos até incentivos à prática de atividade física e alimentação saudável.
Quais medidas adotar?
Para muitas pessoas, o ambiente de trabalho é torturante, com muitas cobranças, pressão e líderes pouco compreensíveis e autocráticos, gerando péssimas relações profissionais, que, além de comprometerem o desenvolvimento da equipe, podem gerar situações desagradáveis.
Uma excelente alternativa para prevenir esses problemas é promover programas e palestras que tratem da medicina preventiva sobre a saúde mental e envolver todos os colaboradores, apresentando novos conceitos, como o do biofeedback.
Esse tema deve ser apresentado com frequência para estimular a participação de todos. É um assunto a ser tratado rotineiramente para evitar que os profissionais se isolem e alimentem uma dor silenciosa.
É importante abordar determinados assuntos, como a relevância de uma alimentação saudável, evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas ou de cigarro, e o incentivo à prática de atividades físicas e reeducação alimentar.